quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Então foi o dia da Feijoada

Quando era pequena não gostava de feijoada. Achava a cor e o sabor muito fortes. Comecei a ter interesse pelo prato quando vi o filme “Macunaíma” de Joaquim Pedro de Andrade. Numa cena, um gigante tinha uma piscina de feijoada e ameaçava o herói sem caráter de Paulo José. Neste momento passei a ver a comida de uma forma divertida, quase cômica.

 

couve flaO tempo passou e o prato cada vez mais parte da minha vida. Hoje, trabalho na Livraria da Vila, e faço diversos cursos com meu mentor e amigo chef Carlos Ribeiro. E em uma dessas aulas, finalmente, chegou a vez de fazer a esperada feijoada. Aqui em casa até então que cozinhava o prato é a Deda, uma moça que há 30 anos trabalha aqui em minha casa e o bom humor não faz parte do seu cardápio.

 

E não é que foi uma festa? Juntamos todas as pessoas boas, abrimos espumantes e transformamos num evento. Como toda boa comida deve ser. Gabriel, que trabalha comigo e está nos didáticos, resolveu ver pela segunda vez uma aula com Carlos, que virou nosso pai. Cada um trouxe o melhor de si e lá fomos nós.

 

João Elias tirou as fotos e viu como cada um se sentia com a feijoada, Flávia que sempre cozinha feijoada, refogou a couve e se divertiu vendo como Carlos na cozinha. João Paulo cortou e colocou as carnes na panela. Já eu cortei carnes e levei um CD do Mussum com músicas que ele cantava com Originais do Samba. Depois ainda tivemos a alegria de Elisa Han contando histórias hilárias de quando era aluna de Carlos, depois a maravilhosa Helena Jang veio saborear o prato e nos visitar e Lucas amigo de Gabriel também deu uma passada.

 feijoada senhoras

Fizemos em seguida um Manjar que Carlos puxou da memória a receita feita pela sua mãe. Carlos, sempre com sua maestria, preparou uma feijoada verdadeira com pé, focinho e rabo, porém ensinou um segredo para deixa-la mais leve e saborosa. Além de contar que aprendeu muito com as cozinheiras das escolas de samba quando divulgou o evento “Batuque na Cozinha”, cozinheiras da Camisa Verde e Branco, da Rosas de Ouro, da Nenê da Vila Matilde e da Leandro de Itaquera faziam suas feijoadas em seu restaurante Na Cozinha. O chef contou que feijoada é como molho de tomate: cada um tem a sua receita.

 

O bom das aulas que nas conversas acabamos nos abrindo, tendo amigos para nos ouvir, se sentir fazendo parte de algo. E mais que isso, sinto que Carlos é mais que um mentor, um amigo com quem eu posso contar. Que venha o gigante de “Macunaíma”.


Fotos: João Elias de Brito
Mail: joaoeliasdebrito@gmail.com

nacozinha

Na Cozinha Restaurante e Escola de Culinária
R. Haddock Lobo, 955 – Jardins- São Paulo - SP
Tels.: 3063-5374 (Escritório) 3063-5377 (Restaurante)

Nenhum comentário: