sábado, 23 de maio de 2009

O Quarto Verde

Estava na Livraria Cultura na minha folga procurando um presente para mim. Fiquei entre "Pierrot, le fou" ou algum do Louis Malle para um próximo artigo sobre Nouvelle Vague. Quando vi "O Quarto Verde" de Truffaut, além do preço me chamou atenção que demoraria muito para eu ter outra oportunidade de ver o filme "mais pessoal" do meu cineasta favorito.
Então em casa, fui descobrindo esta obra lugubre que foi baseado no livro "Altar of Dead" de Henry James. A história se passa na década de 20, onde Julien Davene (o próprio Truffaut) é um jornalista que preserva todos os pertences de sua falecida esposa no quarto verde. Quando tem um incendio, Julien montará uma capela honrando seus mortos. Na sua obsessão acaba conhecendo num antiquário Cecilia (Nathalie Baye) e pelo respeito de ambos por preservar os mortos, nasce uma amizade cheia de conflitos.
O filme tem uma fotografia bela e escura de Almendros e uma interpretação muito pessoal de seu próprio cineasta. Fica na memória a cena da capela com foto de todos os mortos de Davene, e lá vemos rostos conhecidos como Oskar Werner, Balzac, Oscar Wilde e Jean Cocteau.
O filme questiona a morte e até onde devemos por fim nas relações, mesmo sem a presença da pessoa. Ah sim! O filme tem a presença de Marcel Bebert o contador de Films du Carrose (a produtora de Truffaut) como médico de Julien, além de Patrick Maleon como o neto surdo mudo da governanta de nosso protagonista que lembra um outro filme seu "O Garoto Selvagem".
O filme foi um grande fracasso e foi feito 6 anos antes da morte de François. Hoje é um filme para ser visto e guardado como herança deste percursor da Nouvelle Vague.


Um comentário:

Guttwein disse...

Temática interessante desse filme hein! Confesso que estava meio alheio qto a sua existência, mas ei que vc o cita e desperta meu interesse sobre!
Assim que assisti-lo, voltarei justamente nesse post e citarei minhas impressões a respeito..rs ; )